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Brasil reduz 16,7% das emissões de gases do efeito estufa em 2024

Publicada em: 03/11/2025 21:37 -

Diminuição é a maior dos últimos 16 anos e fortalece a liderança do país na COP30 - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Brasil registrou uma redução de 16,7% nas emissões brutas de gases do efeito estufa em 2024, totalizando 2,145 bilhões de toneladas de CO₂ equivalente (GtCO₂e). O dado foi divulgado nesta segunda-feira (3) pela rede Observatório do Clima, na 13ª edição do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), e representa a maior queda das últimas 16 anos — e a segunda maior desde 1990.

A redução das emissões líquidas, que considera a captura de carbono por florestas e áreas protegidas, foi ainda mais expressiva, chegando a 22%. Para o secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, o resultado consolida o protagonismo do Brasil na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorre a partir do dia 10 de novembro. “Dificilmente teremos dentro do G20 ou entre os dez maiores emissores um país apresentando uma redução total de emissões como a que o Brasil registrou neste momento”, destacou Astrini.

De acordo com o SEEG, o setor de mudança de uso da terra continua sendo o principal responsável pelas emissões, representando 42% do total (906 milhões de toneladas), sendo 98% decorrentes do desmatamento. Em seguida aparecem a agropecuária (29%), energia (20%), resíduos (5%) e processos industriais (4%).

A Amazônia foi o bioma com a maior redução, diminuindo 41% das emissões, seguida pelo Cerrado, com queda de 20%, e o Pantanal, com redução proporcional de 66%. Apenas o Pampa apresentou aumento, de 6%.

Segundo a pesquisadora Bárbara Zimbres, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), a queda está diretamente relacionada à intensificação das políticas de controle do desmatamento. “No último ano, tivemos a maior queda nas emissões brutas, de 32%, o que demonstra um resultado direto do aumento da fiscalização e das ações de preservação”, ressaltou.

Entre os estados, Rondônia, Pará e Mato Grosso lideraram a redução de emissões, com quedas de 65%, 44% e 44%, respectivamente. Já Minas Gerais, Piauí, Roraima, Rio Grande do Sul e Sergipe registraram aumento.

Emissões líquidas
As emissões líquidas do país, após o balanço entre emissões e remoções de carbono, ficaram em 1,49 GtCO₂e, com destaque para a redução de 64% no setor de uso da terra, que caiu de 685 milhões para 249 milhões de toneladas. Assim, a agropecuária passou a ser o principal setor emissor líquido do país, responsável por 42% do total.

Queimadas em alta
Apesar dos avanços, o relatório aponta crescimento das emissões por queimadas, que não entram no cálculo principal do inventário. Segundo Zimbres, o Brasil teve aumento de duas vezes e meia nas emissões por fogo em 2024, atingindo quase todos os biomas. “Se as queimadas fossem contabilizadas, o país veria praticamente dobrar suas emissões líquidas no setor de uso do solo”, explicou.

O levantamento reforça o papel do Brasil no combate às mudanças climáticas e evidencia o impacto direto das políticas de controle do desmatamento sobre os índices nacionais de emissão.

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